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Capitã Marvel: filme morno e uma oportunidade perdida

24 de março de 2019 | Por: balaiopop

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Por Vladimir Ribeiro e Alexandre Postigo

O anseio pelo empoderamento feminino hoje é um fato: nas mais diversas classes sociais, as mulheres buscam incessantemente espaços e tratamento igual ao dos homens, na esfera privada ou pública. Não é surpresa que a Marvel, que sempre produziu quadrinhos que dialogavam diretamente com bandeiras sociais de seu tempo, tente fazer o mesmo com seus filmes. Assim, se em Pantera Negra (2018) o racismo foi um eficiente pano de fundo para contar a fantástica história do rei de Wakanda, a super-heroína Capitã Marvel, Carol Danvers, parecia um veículo perfeito para debater com o grande público questões relativas aos diretos das mulheres.

Mas se em Pantera Negra a narrativa, as atuações e as cenas de ação estavam entrelaçadas de forma sinérgica ao tema debatido – o preconceito e suas consequências -, o mesmo não pode ser dito de Capitã Marvel, a começar pela protagonista.

Brie Larson não convence no papel da garota que foi sequestrada por uma raça alienígena, ganha superpoderes e tem que fazer uma jornada pelo presente para descobrir seu passado. A atriz, ótima e oscarizada em O Quarto de Jack (2015), em Capitã parece ter apenas uma expressão para as diversas e, algumas, dramáticas situações pelas quais passa a heroína do filme.

Afora isso, se em Pantera o roteiro aborda questões morais e até filosóficas em sua complexidade, sem oferecer respostas prontas ao telespectador, tudo está mastigadinho no filme da heroína e as respostas sobre como os personagens devem agir ou que lado apoiar são, ou parecem ser, sempre muito claras. Mesmo as reviravoltas no roteiro, que poderiam minorar essa impressão, acabam, pela sua previsibilidade, causando o efeito contrário, ou seja, contribuindo para deixar o público relaxado, quase enfastiado.

O humor, com algumas piadas fora de tom ou em momentos inoportunos – que talvez devessem ser mais dramáticos -, contribuem, também, para tirar a gravidade dos embates mostrados na tela. Ou seja, perde-se o humor por um lado e o drama por outro, fazendo o filme ficar em um meio termo que torna tudo desimportante e ‘esquecível’. Um paralelo possível seria um filme ruim de ‘Sessão da Tarde’, daqueles que convidam ao sono.

Nesse ponto, uma possível tábua de salvação do longa seriam as cenas de ação, mas essas estão longe de serem memoráveis – como são, por exemplo, as de Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014). As no espaço, quando a Capitã passa a usar todo o seu poder, são particularmente mal feitas, até em função do CGI inacreditavelmente tosco para os padrões Marvel.

Para não dizer que não falei das flores, a ambientação do filme nos anos 1990 ficou perfeita, assim como a dinâmica entre Samuel L. Jackson, como Nick Fury, e Clark Gregg, como o Agente Coulson. Rejuvenescidos e impecáveis, eles mostram os primórdios da S.H.I.E.L.D. A trilha sonora e as referências ao Universo Marvel são um atrativo à parte.

Oportunidade perdida é o que vem à mente ao final de Capitã Marvel: o estúdio poderia ter feito algo mais marcante com seu primeiro filme a ter uma heroína como protagonista. Apresentar mulheres fortes é, afinal, uma necessidade no mundo machista em que, ainda, infelizmente, vivemos.

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1 Comentário

  1. Rafael Cresoni Kairof disse:

    Vou refletir sobre. Mas nesse filme em especifico a intenção principal do Studio era situar o inicio dos Vingadores, tapar algumas lacunas e amarrar toda sequencia.
    Não creio que eles queriam fazer alguma critica, ou até mesmo trabalhar temas sociais em Capitã.
    Unica coisa que me incomodou um pouco foi o CGI em alguns pontos específicos do filme e em quem se deve ou não confiar (fala sério).
    Abraços

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