Kiss e HQs: quando músicos se tornam super-heróis
A editora Dynamite lança neste mês, no mercado americano, a edição encadernada que reúne a saga completa de uma das personagens mais celebradas dos quadrinhos, Vampirella, com uma das maiores bandas de rock da história, o Kiss.
Publicada em formato de minissérie no ano passado, a história traz os dois ícones da cultura pop unindo forças para revelar um mistério na Los Angeles de 1974, quando a cidade sofre com o forte calor, incêndios e a aparição de estranhas criaturas. Em meio a tudo isso, o quarteto de New York percebe que as bandas de rock locais estão sendo misteriosamente eliminadas.
Sem previsão de lançamento no mercado brasileiro, a publicação deve se tornar um item de colecionador para os fãs de HQs e, especialmente, para os (muitos) fanáticos pelo Kiss.
Mas essa não é a primeira vez que os membros do Kiss – Demon, Starchild, Spaceman e Catman – pulam dos palcos para as páginas das histórias em quadrinhos.
A relação dos mascarados com os quadrinhos começou ainda na década de 1970. Foi por essa época que o ‘road manager’ da banda, Sean Delaney, criou uma história com o quarteto, que viria a ser publicada na revista Creem.
Ao que parece, isso bastou para atiçar os genes empreendedores de Gene Simmons, baixista e fundador do Kiss, que entrou em contato com a editora Marvel para a publicação de uma revista em quadrinhos especial com a banda.
Em um primeiro momento, não houve interesse por parte da editora. Isso viria a mudar após a boa repercussão que teve a participação especial da banda nas páginas de Howard, The Duck, uma HQ que a Marvel publicava na época. Apenas após esse sucesso inesperado, Stan Lee e companhia repensaram o assunto e resolveram investir em uma publicação exclusiva para o Kiss.
Marvel Comics Super Special #1 foi lançada em 1977 em formato de revista e com o logo da banda em tinta metálica impressa na capa. Nas 40 páginas da publicação, a banda foi transformada em super-heróis. Para enfrentar dois dos vilões mais tradicionais da editora, Dr. Destino e Mefisto, o quarteto contou com a ajuda dos Vingadores e do Quarteto Fantástico.
O sucesso foi imediato e a publicação alcançou a marca de 400 mil exemplares vendidos, muito graças à campanha inovadora de marketing para promover o gibi. Nela, os músicos do Kiss misturavam o próprio sangue na tinta vermelha usada para imprimir as revistas.
Um ano depois, um outro número foi lançado, mas sem alcançar o mesmo sucesso da edição de estreia da banda no mercado de quadrinhos. Atualmente, as edições originais dos dois lançamentos são vendidas por algumas centenas de dólares em sites de leilões. No Brasil, a edição de estreia do quarteto mascarado foi lançada em 2012 pela NFL Editora, com o nome de Kiss – Greatest Hits Volume 1.
Psyscho Circus
Ao longo dos anos, a banda foi aparecendo esporadicamente nas páginas de diversos gibis, em participações especiais, mas foi em 1997, com o lançamento do título Psycho Circus, pela editora Image Comics, que o Kiss voltou a fazer sucesso no mercado editorial de quadrinhos.
Desta vez, os quatro integrantes da banda eram entidades moralmente ambíguas e que estavam ligados a um circo de horrores que viajava por cidades dos Estados Unidos.
A série chegou até o número 31 e fez história ao incluir uma aparição de The Fox (personagem do segundo baterista da banda, Eric Carr, falecido em 1991) em uma trama.
Em 1999, a Editora Abril publicou três edições de Psycho Circus no Brasil, em formato de minissérie, por conta de um tour do Kiss pelo país.
Compilado
Para saciar os fãs da banda, que também são amantes de quadrinhos, em 2009 foi lançado o Kiss Kompendium, publicação que reúne todas as HQs com o grupo lançadas até então. Ao todo, são 1280 páginas de histórias, fotos e depoimentos dos músicos.
Desde então a banda continua a aparecer em diversas revistas, misturando aquilo que é a paixão de muitos: quadrinhos e rock n’roll
Até nas capas dos discos
Entretanto, a ligação da banda com esse universo não se prende apenas às HQs. Ken Kelly, um dos principais desenhistas de Conan e Vampirella, já havia feito a capa do quarto álbum de estúdio da banda, Destroyer, lançado um ano antes da estreia na Marvel, em 1977.
Kelly voltaria a prestar seus serviços para o Kiss quando fez a capa de Love Gun (1977) e, mais recentemente, quando desenvolveu a arte de capa de Space Invander (2014), disco solo de Ace Frehley, guitarrista original da banda.
Em 1980 foi a vez do ilustrador Victor Stabin ser o responsável pela arte da capa do álbum Unmasked, que marcou o último lançamento do quarteto original, antes da Reunion Tour, de 1996.
Leia Também
Deixe o seu comentário
0 Comentários
Deixe o seu comentário!