Rebirth: DC se inspira no passado para projetar o futuro

(Atenção: contém spoilers.)

O passado é cada vez mais fonte de inspiração para o futuro da DC Comics. É de lá que a editora traz de volta ao seu universo de quadrinhos não apenas a ‘nova’ marca que passará a estampar em suas revistas e produtos (veja abaixo), que lembra muito logos antigos, mas também, com Rebirth #1, revista que começa a ser vendida na próxima semana nos EUA, elementos e personagens perdidos após Flashpoint, o último reboot a que os editores submeteram seus pobres fãs.

Essa volta às origens, é bom deixar claro, não é uma Crise nas Infinitas Terras, ou seja, uma total reformulação do universo DC nos quadrinhos, mas um relaunch que introduz situações, heróis e equipes queridos pelos fãs mas simplesmente ignorados ao longo da polêmica fase dos Novos 52 (que rendeu algumas boas séries, diga-se, mas também algumas não tão boas, para dizer o mínimo).

Alguns críticos que já leram o material, escrito por Geoff Johns, de mudança para ser o chefe do núcleo de filmes da Warner, são só elogios. Como David Pepose, do Newsarama, para quem Rebirth, “potente, otimista, uma carta de amor ao universo DC”, é a recuperação, não apenas da história, mas do “coração e alma” da editora.

A HQ também seria, para ele, “um primeiro passo para expulsar a escuridão e o cinismo que infectou o Universo DC durante décadas.”

Geoff Johns de fato é conhecido por dar nova roupagem e resgatar mitologias e personagens clássicos da editora. Fez isso com os Lanternas Verdes, acrescentando novos elementos às histórias da Tropa, e Flash, para citar dois casos.

Mesmo assim, se a revista procura corrigir falhas conceituais e cronológicas dos Novos 52, resgatando personagens queridos, também vai além e propõe novidades que, se abrem caminhos narrativos nunca explorados, podem irritar muito algumas pessoas.

Veja abaixo algumas das mudanças que Rebirth vai trazer ao Universo DC:

1 O retorno de Ted Kord como Besouro Azul e Ray Palmer como Átomo, além da volta do relacionamento entre o Arqueiro Verde e a Canário Negro.

2 Não há apenas um Coringa, mas três: o original, desenhado por Jerry Robinson; o de Brian Bolland em A Piada Mortal; e o retratado por Scott Snyder / Greg Capullo nos Novos 52. (Isso me parece uma bobagem homérica. Mas vamos ver o que os autores entregam a partir dessa premissa.)

3 O retorno do Superman pré-Novos 52. (Decisão temerária, que pode criar novos problemas com a cronologia e de entendimento por parte dos leitores.)

4 A volta da Legião dos Super-Heróis e da Sociedade da Justiça da América. (Ótima notícia. A SJA, principalmente a fase escrita pelo próprio Geoff Johns, está entre os melhores quadrinhos de super-heróis que já li.)

5 A volta de Wally West, agora como Kid-Flash, ou seja, ainda jovem. (De minha parte sempre preferi o Wally ao Barry, mas, de novo, há o perigo da cronologia ficar ainda mais bagunçada com esse acréscimo.)

E, por fim, a alteração bombástica:

6 Agora os universos de Watchmen e dos super-heróis da DC estão entrelaçados. Não apenas isso: Dr. Manhattan seria o responsável por criar o universo dos Novos 52.

Esse conceito de entrelaçamento dos universos, até então radicalmente separados, tem potencial para deixar furibundos os fãs mais puristas, e, principalmente, Alan Moore, criador de Watchmen.

Do ponto de vista da empresa DC, no entanto, tem uma vantagem: livra a cara dos editores responsáveis pela criação do projeto Novos 52. O culpado por todas as histórias ruins desse período passa a ser, então, o Dr. Manhattan.

OK, acreditamos.