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Rei Leão, filme, é igual à animação. É isso que o povo quer?

29 de julho de 2019 | Por: Alexandre Postigo
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Sobra “fofismo” no filme na animação

“Psicose”, um dos mais perturbadores filmes de Alfred Hitchcock, lançado no começo dos anos 1960, foi refilmado em 1999 por Gus Van Sant. Apaixonado pelo diretor inglês e pelo filme, Van Sant se esmerou em copiar frame a frame o original, o que provou-se um erro.

O filme foi desprezado por público e crítica, o que é compreensível: a plateia da virada do século XX para o XXI era bem diferente daquela de meados do século XX e o que causava assombro antes, psicopatas com facas perseguindo loiras, já era, e é, praticamente rotina nos filmes de terror e suspense modernos.

Por outro lado, ante um filme que se pretende, em seu projeto, ser uma reprodução, nos mínimos detalhes, de “Psicose”, parte do público, talvez, pensasse: entre o clássico e a cópia, melhor o original. Em resumo, o Psicose novo não acrescentava nada de novo.

Isso me veio à mente ao ver “O Rei Leão”, live-action da clássica animação da Disney de 1994.

Neste caso, como em “Psicose”, a adoração pelo original parece ter sobrepujado qualquer pretensão, do diretor ou dos produtores, de fazer algo autoral e impor sua assinatura ao novo produto que, ao invés disso, é uma reprodução quase frame a frame do longa animado.

Por um lado, esse procedimento, no caso de “O Rei Leão”, é compreensível: a base de fãs da animação é gigantesca e qualquer alteração poderia indispô-la. Quando milhões de dólares estão envolvidos é melhor jogar no certo, devem ter pensando os responsáveis pelo filme. Deviam querer evitar aquela velha acusação de nerds de 40 anos: “a Disney acabou com minha infância!”.

O problema desse tipo de pensamento é que dentro da própria Disney há exemplos de animações clássicas que, ao serem transformadas em live-action, ao mesmo tempo que mantiveram sua essência, acusaram a mão interventora do diretor, seja no enredo, na paleta de cores ou no tom. E que, além de tudo isso, fizeram muito dinheiro no processo.

O “Alice no País das Maravilhas” de 2010 é um bom exemplo. Nessa live-action o diretor Tim Burton, talvez por ser Tim Burton, teve autorização da Disney para elevar em alguns graus o tom sombrio do filme. O resultado é um filme que, embora converse com a animação clássica, possui personalidade própria. Acrescenta algo ao telespectador para além da animação.

Isso não pode ser dito deste Rei Leão, muito embora algumas pequenas alterações na narrativa confiram um papel e uma contextualização maior para a participação das leoas na história – a mãe de Simba e Nala – e menos espaço para as coreografias das músicas. O que sobra, é o mesmo que já havia na animação, agora embalado pela impressionante tecnologia que faz, de forma completamente verossímil, animais atuarem.

De resto, o longa entrega, assim como a animação fazia, muito “fofismo”, principalmente nas cenas de Simba e Nala quando jovens. Pela bom desempenho do filme nas bilheterias talvez seja isso, afinal, que o público quer.

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