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Jerusalém expõe megalomania, e genialidade, de Alan Moore

15 de abril de 2016 | Por: Alexandre Postigo

Alan MooreQue Alan Moore é louco, e genial, todo mundo já sabe. Que é megalomaníaco é, quem sabe, novidade. Essa talvez seja uma das explicações para Jerusalém, romance do quadrinhista (autor de Watchmen, V de Vingança, A Piada Mortal, Lost Girls, entre muitas outras obras fantásticas) que terá um milhão de palavras e 1.200 páginas.

Organizada em três partes, com um prólogo e 35 capítulos, Jerusalém consumiu dez anos de trabalho, é três vezes maior que a Ilíada e a Odisseia, de Homero, ultrapassa a Bíblia em 25%, é mais de três vezes maior que o primeiro volume de Game of Thrones, de George R.R. Martin, e duas vezes mais longo que O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

Incrivelmente, a narrativa será ambientada em um espaço físico relativamente pequeno: Boroughs, quatro quadras da cidade de Northampton, na qual Moore nasceu e viveu durante a juventude.

O tempo em que se passa a história, no entanto, será elástico. Como fez em A Voz do Fogo, seu primeiro romance, Moore, ao que parece, vai mesclar eventos históricos, de diversas épocas, com ficção.

O próprio autor descreveu, em uma espécie de resenha, o que a obra tratará:

alan-moore“Em meia milha quadrada de decomposição e destruição estava a capital da Inglaterra Saxônica, a eternidade se arrastando entre as torres prestes a se incendiar. Incorporado no âmbar sujo da narrativa dos distritos, entre santos, reis, prostitutas e vagabundos, um tipo diferente de era humana está acontecendo, uma simultaneidade poluída que não diferencia entre poças cor de gasolina e os sonhos fraturados daqueles que a navegam. Bestas mencionadas no Livro de Tobit esperam em escadarias com cheiro de urina, os espectros delinquentes de crianças sem sorte escavam um século com túneis e nos salões do andar de cima, trabalhadores com sangue de ouro reduzem o destino a um torneio de sinuca.

Caminhos desaparecidos produzem suas próprias vozes, construídas de palavras perdidas e dialetos esquecidos, contam suas lendas falhas e recontam suas genealogias surpreendentes, histórias de família sobre vergonha, loucura e o maravilhoso. Há uma conversa no domo destruído por um raio na catedral de St. Paul, nascida nos paralelepípedos de Lambeth Walk, um casal distante sentado a noite toda nos degraus frios de uma igreja com fachada gótica e uma criança engasgada com uma gota tossindo por onze capítulos. Uma exibição de arte está em preparação e em cima do mundo um velho homem nu e um belo bebê morto correm ao longo dos Attics of the Bread em direção à morte quente do universo.

Uma mitologia opulente para aqueles sem um pote para mijar dentro, através das ruas labirínticas e das páginas de Jerusalém andam fantasmas que cantam sobre riqueza e pobreza; da África e de hinos e de nosso milênio puído. Eles discutem inglês como uma língua visionária de John Bunyan a James Joyce, discorrem sobre a ilusão da mortalidade pós-Einstein e insistem na favela mais malvada como a eterna cidade santa de Blake. Feroz em sua imaginação e extasiante em seu alcance, este é o conto sobre tudo, contado a partir de uma calha desaparecida.”

Também já foi divulgada a capa, abaixo, da edição em inglês da obra, que sai em 13 de setembro. Produzida pelo próprio Moore, a arte revela planos físicos e metafísicos do quarteirão onde transcorre a narrativa.

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Na Inglaterra, Jerusalém será publicada pela Editora Knockabout em duas versões: um único volume de 1.200 páginas em capa dura e um estojo com três livros em capa comum. No Brasil, será publicado pela Companhia das Letras, ainda sem data definida.

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