Criados em 1963, por Stan Lee e Jack Kirby, Os Vingadores já faturaram mais de 5 bilhões de dólares nos cinemas. Mas quem vê o sucesso estrondoso da franquia nem imagina que a Marvel já teve seus altos e baixos (e que baixos!). No painel Vingadores: passado, presente e futuro, que aconteceu sábado (8), penúltimo dia de CCXP, um time de especialistas e quadrinistas debateu os motivos que transformaram o grupo de ‘pessoas notáveis’, como diria Nick Fury, num fenômeno global.
Alternando relatos e experiências sobre diferentes momentos da trajetória dos personagens nos quadrinhos, os convidados do painel, David Michelinie, Mike Deodato, Daniel HDR e Tom Grummett, buscaram dar um panorama histórico desde a composição inicial dos Vingadores nas HQs, formada por Thor, Homem de Ferro, Vespa, Homem-Formiga e Hulk, até as estratégias que fizeram da franquia a mais bem-sucedida no segmento de filmes de super heróis.
Em clima de descontração, eles lembraram que nesses 55 anos de história os personagens também pagaram alguns micos. Remetendo ao famoso bordão “Teu passado te condena”, a Marvel teve uma fase no mínimo bizarra. Isso foi no início dos anos 1990, quando os quadrinhos americanos passaram a privilegiar muito a arte em detrimento dos roteiros.
Os mais chegados à literatura podem até se perguntar: “Nossa, a Marvel teve uma fase parnasiana? Aderiu à Arte pela Arte?” Decerto que não, não mesmo. Até porque, mesmo do ponto de vista estético essa tese da valorização do aspecto formal é bem questionável.
O que se vê nos quadrinhos daquela época nada tem a ver com o equilíbrio e a harmonia das formas clássicas. Nas HQs de então bombavam (opa, o duplo sentido é mera coincidência, hem?) personagens anabolizados. Desenhados com traços que não respeitavam nem de longe a anatomia, os Vingadores mais pareciam fisiculturistas, e daqueles sem muito na cabeça.
Depois da imersão fatídica pela cafonice dos anos 1990, a década seguinte trouxe uma fase mais robusta. Exemplo disso são os Vingadores Sombrios, Criados por Brian Michael Bendis, em 2009. A trama começa quando as pessoas perdem a fé nos Vingadores e a antiga SHIELD passa a ser chamada de Hammer (Martelo, em português) e capitaneada por Norman Osborn (o Duende Verde, arqui-inimigo do Homem-Aranha), usando a armadura do Patriota de Ferro.
Nesse time, vilões do universo Marvel como Venom (Marc Gargan, originalmente o Escorpião), Wolverine (Daken, filho do Wolverine), Miss Marvel (Carol Danvers) e Capitão América (Bucky Barnes) assumem a identidade dos Maiores Heróis da Terra para atuar em operações secretas mundo afora.
Ao relembrar esse universo plural onde coexistiram personagens tão diferentes na linha de tempo da Marvel, Daniel HDR é da opinião de que “está faltando representatividade na atual formação dos Vingadores”. Já Mike Deodato observa que a editora está aprendendo a lidar com o legado. Ao citar Kamala Khan, a primeira heroína muçulmana a protagonizar uma revista em quadrinhos, ele destacou como a editora vem integrando universos diferentes: “O legado [da pluralidade] transfere valor do personagem para um segmento diferente. As pessoas precisam entender que isso é benéfico. Esses personagens são franquias que permanecem, são mitologias modernas”, defende.
Com um comentário sobre as expectativas em torno de Ultimato, filme que estreia ano que vem e encerra o grande arco iniciado com o primeiro longa dos Vingadores (2012), Daniel HDR de quebra finalizou o bate-papo fazendo um link justamente com a questão da pluralidade: “[Ultimato] vai ser um bom ponto de partida para testarem novos personagens dentro da franquia.”
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