Shazam! acerta a mão ao mirar juventude e acenar para adultos

9 de abril de 2019

História do órfão que se transforma em um super-herói conversa com anseios do público infanto-juvenil

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Assim como a criança Billy Batson se transforma em um adulto superpoderoso ao pronunciar a palavra mágica Shazam!, o longa de mesmo nome que adapta para as telonas mais um personagem do universo de quadrinhos da DC (o mesmo de Batman e Superman) transita entre esses dois mundos e daí tira sua força.

Trata-se, no entanto, de uma partição desequilibrada entre esses dois polos já que focada, primeiramente, no público que mais interessa ao estúdio, crianças e jovens, e apenas lateralmente aos fãs velhos de guerra.

A ‘origem secreta’ do personagem (para usar o jargão das HQs) contribui, de largada, para cativar a atenção dessa nova geração. Que criança, afinal, nunca sonhou em ‘ser grande’, fazer coisas de adulto? É essa a situação de Billy (Asher Angel) ao ganhar os poderes. Sem saber lidar com a experiência, ele faz o que nós, quando crianças, talvez fizéssemos: tenta comprar cerveja; ou se exibe, de forma bem pouco heroica, postando vídeos na internet; ou foge da escola com o melhor amigo.

Ajuda a compor esse cenário Zachary Levi, a versão super-herói do protagonista e que, ao contrapor o gestual de criança ao corpo ‘bombado’ de adulto, é uma fonte constante de humor.

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Ao lado dessa situação que cala fundo às crianças, o diretor teve o cuidado de inserir pitadas certeiras, porque relacionadas à trama central, de referências para os adultos, principalmente àqueles que cresceram nos anos 1980. Estão lá traços de ‘Clube dos Cinco’ (1985) e ‘Curtindo a Vida Adoidado’ (1986), ambos do rei dos filmes para jovens, John Hughes, mas, principalmente, cenas quase que iguais às de ‘Quero Ser Grande’ (1988). São detalhes que causam um ‘sorriso de canto de boca’ na plateia adulta, semelhante ao efeito da temática nada infantil inserida nas animações Pixar.

Mas são engasgos, concessões. Shazam!, ao contrário de outras produções da Warner/DC (alguém aí pensou em ‘Liga da Justiça’ e ‘Esquadrão Suicida’?), sabe o público que quer atingir.

Sabe, também, o que fazer para chegar a esse objetivo. Assim, todo o resto do filme se empenha em criar laços com o público jovem: a condição de órfão de Billy e sua busca por uma família, drama que qualquer criança entende e uma das temáticas principais do longa; a ação estilizada e cômica; a narrativa sem reviravoltas, linear; um vilão, Dr. Thaddeus Silvana (Mark Strong), facilmente identificável e com objetivos claros.

Apelidado jocosamente de ‘Capitão Fraldinha’ nas HQs, o super-herói se apresenta em Shazam!, o filme, com mais coração e personalidade do que alguns dos heróis medalhões da Warner/DC.

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