Frank Miller é um velhinho iconoclasta e adora uma polêmica. Não poderia ser diferente em sua última visita ao Brasil e, pela terceira vez, à CCXP, onde falou sobre “The Dark Knight Returns: The Golden Child”, o quarto capítulo da saga Cavaleiro das Trevas. Lá disse o óbvio (para quem sabe interpretar texto): suas HQs com o Batman, seja escrevendo seja também desenhando, sempre tiveram forte componente político.
“Uma boa história é uma boa história, independente de como você conta ela. Cavaleiro das Trevas sempre brincou com política, isso sempre foi uma temática, desde os tempos de Ronald Reagan (presidente dos Estados Unidos que estava no governo na época da primeira minissérie, no fim dos anos 1980). Isso é parte da história. É política. É uma paródia política, e me divirto com isso”, analisou o quadrinista. “Quem se ofende com política nos quadrinhos são justamente aqueles que deveriam se sentir ofendidos”, completou.
The Golden Child, uma edição única de 48 páginas, se passa três anos após “The Dark Knight III: The Master Race”. Nesse tempo, Lara, filha do Superman e da Mulher Maravilha, passou o tempo aprendendo a ser mais humana e Carrie Kelley evoluiu como Batwoman. Bem a tempo, já que um terrível mal retornou a Gotham City e as duas precisarão se unir para lutar contra a ameaça. Nisso terão a ajuda de Jonathan Kent, outro filho do Superman e da Mulher Maravilha, que encerra em si um poder nunca visto antes.
Os desenhos, fantásticos, são do brasileiro Rafael Grampá. Para Silenn Thomas, produtora que há algum tempo trabalha com Miller e que vem acompanhando a parceria entre o veterano quadrinista e Grampá com o Batman, a dinâmica entre eles é ótima. “Os dois artistas são muito viscerais e emocionais. Existe muita paixão pelo trabalho e a história do Frank é contata da forma mais visual possível”.
Ainda de acordo com ela, a relação deles, quase de pai e filho, nasceu a partir de uma capa que o artista brasileiro fez para Cavaleiro das Trevas III. “Frank ficou maluco com essa capa. Ele queria muito trabalhar com Grampá”.
Miller parece apreciar a arte do brasileiro: “O que eu mais busco na arte que eu gosto e em futuras parcerias é uma voz única. Olhos que enxerguem coisas diferentes. Eu vejo isso no Rafael. Existe uma exuberância na obra dele. Um bom artista precisa ser generoso, e ele é assim”.
“The Golden Child” chega em dezembro nos EUA. No Brasil, ainda não há previsão de publicação.