Guerra Infinita ou Guerra das Piadas?

15 de janeiro de 2018

Depois de destruir Xandar, lar da Tropa Nova, invadir a Terra e derrotar alguns dos maiores heróis do universo, Thanos, o Titã Louco, finalmente está de posse da manopla com todas as Joias do Infinito. Com um pensamento ele pode, agora, destruir o cosmo. Cabe aos heróis da Terra evitar essa tragédia.

É neste momento, tão esperado pelos fãs da Marvel, que o Homem de Ferro pergunta ao vilão se ele usará esse poder máximo para preparar ovos mexidos no café da manhã de forma mais rápida.

Obviamente essa cena não deve ocorrer em Vingadores: Guerra Infinita (espero que não!), filme dos irmãos Anthony e Joe Russo que chega aos cinemas em abril deste ano.

Todos os filmes do estúdio feitos até hoje convergem para o embate entre Thanos e os heróis, desde o primeiro longa do Homem de Ferro, de 2008, mas principalmente desde Os Vingadores, de 2012, quando a presença do vilão foi revelada pela primeira vez.

Trata-se, pelo que se supõe a partir do material base, os quadrinhos, de um embate dramático, já que Thanos, que corteja a Morte, é conhecido por não ter muito respeito pela vida humana e é dado a fazer genocídios pelo universo.

Tendo em vista o histórico da Marvel nos cinemas, no entanto, é o caso de perguntar se será mesmo um confronto sério, com mortes, questionamentos entre os personagens sobre suas ações, e, mais importante, se os fatos terão consequências. Ou seja, se o tom do filme será de galhofa, como Thor: Ragnarok, do ano passado, ou algo como Capitão América: Guerra Civil, em que as coisas têm sua gravidade e nem tudo é motivo para piada.

A fórmula da galhofa, ou “Fórmula Marvel” como se costuma chamar, é bem conhecida, e até apreciada por parte dos críticos e público: muitas piadas (algumas em momentos muito inadequados), ações sem gravidade alguma, e vilões que, pelo contexto geral de humor, perdem força, se tornam genéricos, esquecíveis.

Apesar de fazer muito dinheiro, até por serem voltados a todos os tipos de público, de crianças a idosos, há alguns perigos em apostar continuamente nessa mesma forma de fazer cinema, em um mesmo tom.

Um dos problemas é a descaracterização grosseira de personagens, como ocorreu com Dr. Estranho. Vendido como o filme mais adulto do estúdio, o longa do mago supremo é uma sequência de cenas de ação que, apesar de muito bem executadas, não são tensas, dramáticas, já que entrecortadas por piadas e gags, algumas sem graça. Isso, claro, deturpa a essência do Stephen Strange, que é muitas coisas, menos um humorista.

Da mesma forma, Vingadores: A Era de Ultron, de 2015, foi anunciado (era isso que os trailers transmitiam) como um dos filmes mais sombrios do estúdio. Mas, de novo, a gravidade das cenas de ação, algumas muito boas, e do vilão foram terrivelmente dissolvidas pelas piadas e pelo humor.

Entre os filmes do estúdio, as exceções talvez sejam os dois dirigidos pelos irmãos Russo, Capitão América: Soldado Invernal e Capitão América Guerra: Civil. Nesses longas, embora ainda esteja presente o formato Marvel, as cenas e diálogos transmitem mais gravidade e dramaticidade ao público.

Apesar de piadas e momentos anticlimáticos – como a aparição do Homem-Aranha no principal embate de Guerra Civil -, os dois longas têm o mérito de desenvolveram melhor os personagens e seus dramas pessoais. Talvez por isso a trilogia de Capitão América seja a melhor do estúdio até o momento.

Não é caso de defender, evidentemente, filmes em que os heróis passem o tempo filosofando ou se questionando sobre suas ações. Isso seria bem chato de assistir. Em outro extremo, não é possível aceitar que se façam piadas até quando seu lar está sendo destruído, como acontece em Thor: Ragnarok.

Além de Capitão América: Soldado Invernal, as produções Logan e Batman: O Cavaleiro das Trevas provaram que é possível, sim, fazer filmes mais sérios de heróis e ainda assim garantir público nas salas de cinema ao redor do mundo.

Se não quiser cair no lugar comum a ‘Casa das Ideias’ deveria se arriscar mais. Coisa que, com os bilhões que os filmes de Capitão América e companhia vêm fazendo, não deve acontecer tão cedo.

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