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Chutando a bunda do patriarcado e não pedindo perdão

11 de dezembro de 2019 | Por: Vladimir Ribeiro

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No último Mad Max, “Estrada da Fúria”, quem não tem tanto protagonismo assim é justamente Max, coitado. Em seu lugar, prevalece na telona a Imperatriz Furiosa, uma Charlize Theron irreconhecível: sem um braço, careca e usando óleo de motor para pintar o rosto. E, claro, chutando bundas.

A personagem, que no filme (spoiler!), em um acesso violento de sororidade, salva mulheres escravizadas e, de lambuja, derruba o patriarcado, foi lembrada na CCXP, no já tradicional painel “Furiosas: Mulheres que Chutam Bundas”.

Luiza Lemos, quadrinista, lembrou que Furiosa foi em sua época (o filme é de 2015) emblemática no sentido de mudar paradigmas, ou pelo menos forçar mais algumas portas, e mostrar que personagens mulheres, desde que bem escritas, são um puta negócio bom: rendem bilheteria e, mais importante, filmes foda. “Ela não tem um braço, tem o cabelo raspado e quebra os estereótipos femininos sempre presentes na cultura pop.  Não é à toa que esse painel leva o nome dela”, afirmou.

Germana Viana, desenhista e roteirista (autora de Gibi de Menininha, por exemplo), lembrou que George Miller, diretor de Mad Max, tem um histórico de bons serviços prestados ao feminismo no cinema, por exemplo com o ótimo “As Bruxas de Eastwick”, no distante ano de 1987. “Nesse filme vemos três mulheres comuns com seus dramas pessoais que se tornam bruxas pela mão de um demônio que só quer alguém que lave e passe a roupa dele. Mais real que isso impossível”, disse.

Para Cris Peter, ganhadora do troféu HQ Mix de melhor colorista e primeira brasileira a ser indicada ao Eisner Award – pela HQ “Casanova” -, a inundação da cultura pop por, apenas, personagens mulheres sexulizadas ou como par romântico do herói, é coisa do passado. Para ela, esse panorama começou a mudar com a inserção cada vez maior de produtoras, roteiristas e diretoras mulheres. “Se antes haviam homens escrevendo as personagens femininas e não havia profundidade naquilo, hoje temos mulheres que escrevem sobre mulheres, o que resulta em muito mais representatividade feminina”.

Autora da ótima “Tina – Respeito”, a quadrinista Fefê Torquato aponta que Capitã Marvel, filme de 2018 dirigido por uma mulher – Anna Boden -, é um exemplo claro desse ciclo virtuoso de representatividade no universo pop. “Essa identificação começa quando ela se assume como um personagem foda que é. Sem querer estar ali para agradar e fazer com que as pessoas se sintam confortáveis. Ela não se desculpa por ser quem é”.

Que ninguém mais precise se desculpar.

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