Dica Netflix: nem tudo é o que parece em The Sinner

19 de novembro de 2017

THE SINNER -- "Part VI" Episode 106 -- Pictured: (l-r) Bill Pullman as Harry Ambrose, Jessica Biel as Cora Tannetti -- (Photo by: Peter Kramer/USA Network)
O detetive de Bill Pullman gosta de árvores e de sadomasoquismo

Num dia ensolarado na beira de um lago, uma jovem mãe aparentemente normal assassina brutalmente, e publicamente, um completo desconhecido. Assim começa The Sinner, interessante minissérie (já há conversas para virar uma série), baseada no romance de mesmo nome de Petra Hammesfahr, que a rede USA Network produziu e que está disponível para os assinantes da Netflix.

À premissa sangrenta segue-se, obviamente, o mistério: qual razão a assassina, Cora (vivida de forma digna por Jessica Biel), teria para seu ato absurdo? Loucura momentânea? Drogas? Algum segredo oculto, quem sabe? Nem ela mesma sabe, na verdade, e cabe ao peculiar detetive Harry Ambrose, interpretado de forma inspirada por Bill Pullman, desatar o novelo de lã que leva à verdade.

Ambrose, se não conta com a genialidade de famosos detetives da literatura, como Hercule Poirot e Sherlock Holmes, tem, como esses, interessantes idiossincrasias: grande conhecimento de botânica e preferência por sexo sadomasoquista. Esta última característica, fica sugerido na minissérie, pode ser resultado de abusos sofridos quando Ambrose era jovem.

Com o casamento em crise e dormindo a cada episódio em um lugar diferente, o investigador, tendo apenas as fragmentadas lembranças de Dora e fracos indícios para se apoiar, decide ir fundo no caso, crente que há mais por traz do aparente surto. Vai, assim, contra colegas da polícia e da justiça, que desejam encarcerar Cora pelo resto da vida, e contra a própria assassina, que confessa o crime, mesmo que não saiba o motivo de tê-lo cometido.

Mais do que o desejo de fazer justiça por inteiro, o que move o detetive é o fato de se identificar com o sentimento de culpa, por pecados reais ou imaginários, da assassina. No caso dele, o motivo desses sentimentos não ficam claros, e poderão ser detalhados, quem sabe, numa próxima temporada.

Descobrir ao longo dos episódios quais pecados de fato merecem reprimenda e quais existem apenas nas mentes das personagens é uma das diversões de The Sinner.

A obra, ao mostrar que nem tudo é o que parece, pode funcionar (sejamos otimistas!) como uma denúncia contra os julgamentos à jato realizados hoje em dia na internet. Neles, mentiras e meia verdades destroem reputações e vidas, quem sabe tão rápido e brutalmente quanto um assassinato.

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