Uma mistura louca de Breaking Bad com Desperate Housewives, mais o humor e a crítica social e política de M.A.S.H. (essa última apenas os mais experientes vão lembrar). Assim, mais ou menos, é Weeds, série originalmente veiculada pelo Showtime, de 8 de agosto de 2005 a 16 de setembro de 2012, e que está disponível na Netflix.
Ao longo das oito temporadas, acompanhamos a dona de casa Nancy Botwin (Mary-Louise Parker) que, recém viúva, e precisando manter o padrão de vida a que está acostumada para seus dois filhos, decide vender maconha aos vizinhos do subúrbio de alto padrão em que mora.
A tensão que te prende à história, como em Breaking Bad, está lá: Nancy tem que lidar com fornecedores e gângsteres pouco confiáveis e violentos e evitar a prisão e a ruína pela polícia. Apesar de ter talento para a venda (como Walter White tinha para a produção de narcóticos, aliás), a moça não tem muita sorte, e chega, por exemplo, a casar com um agente do DEA (Drug Enforcement Administration), a polícia responsável por controlar o tráfego de drogas nos EUA.
Como Desperate Housewives, Weeds é pródiga em demolir hipocrisias da sociedade americana, particularmente dessa classe média endinheirada dos subúrbios. Não apenas Nancy, a ‘típica’ dona de casa que também é traficante, é esse ‘tapa na cara da sociedade’, mas sua vizinha, líder comunitária, que empreende uma luta para livrar o bairro das drogas ao mesmo tempo que enche a cara regularmente e religiosas que, por baixo dos panos, se esmeram em pecar cada vez mais. Enfim, o cardápio é grande, diversificado e, mais importante, sempre divertido.
De caráter eminentemente liberal (aqui no sentido americano, ou seja, a esquerda deles), os produtores de Weeds pontuam a trama de críticas ao período de Bush filho à frente da presidência dos EUA, que é quando se passa a história, sejam as falsas justificativas para a Invasão ao Iraque seja sua política econômica controversa, para dizer o mínimo.
Vai além, ao tratar de temas que dificilmente são abordados de forma tão direta pela TV americana, normalmente tão pudica e politicamente neutra. A cena em que o tio explica para o filho menor de Nancy as sutilezas da masturbação residencial é, nesse sentido, antológica, e rende algumas boas gargalhadas.
Weeds é, se isso não está ainda claro, uma ótima e divertida opção.