Logan, mas pode chamar de Shane

5 de março de 2017

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O cowboy Shane e o mutante Logan com seus protegidos

“Shane”, chamado no Brasil de “Os Brutos Também Amam”, é um faroeste clássico de 1953 dirigido por George Stevens. Também é continuamente citado em Logan, filme que encerra (provavelmente) a carreira de Hugh Jackman como o mutante Wolverine e que vem fazendo bom dinheiro no Brasil e no resto do mundo, além de arrancar elogios de críticos e fãs.

Todo esse sucesso, e o vínculo afetivo e emocional que muita gente tem desenvolvido com esse último filme de Logan, tem, me parece, muito a ver com as aproximações temáticas e narrativas com o faroeste, que são explícitas.

Em “Shane”, o personagem título, um misterioso cowboy que parece ter habilidades incomuns com armas de fogo, é obrigado a abandonar a vida serena e tranquila que buscava e combater fazendeiros que pretendem expulsar colonos de suas terras. Vitorioso, alcançada a paz no vale, ele mesmo, também um assassino, é obrigado a ir embora. Claro: apenas assim a violência seria, de fato, extirpada da região.

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Em uma das cenas mais famosas do cinema, Shane vai embora do vale, agora um lugar sem violência

É fácil se identificar e emocionar com esse sacrifício pessoal feito pelo pistoleiro, que também é a sina de Logan no filme: aposentado, velho e fora de forma, o mutante é obrigado e retomar as velhas práticas violentas para tentar salvar X-23, uma criança clonada a partir de suas células e que é perseguida por seus criadores.

Paralelo traçado, não é difícil prever que redenção e sacrifício serão, também, o caminho de Logan ao longo do filme. Da mesma forma, a referência a “Shane” permite imaginar que fim terá o mutante (de resto, já deixado claro pelo próprio Hugh Jackman, que afirmou inúmeras vezes ser esta a última vez que encarna o personagem).

Caminho previsível mas nem por isso menos emocionante, visto ser esse, o sacrifício final pelos outros, lugar comum na jornada do herói mítico, desde Jesus, e mesmo antes, muito antes.

Mas calma, pequeno padawan! “Logan” não é uma gigante homenagem aos westerns clássicos, apenas. Outros elementos a criar um vínculo emotivo entre o público e o que se passa na tela grande – condição sine qua non para que marmanjos suem pelos olhos – são as relações entre os personagens, principalmente entre um velho e doente Charles Xavier e Logan e entre este último e a própria X-23, mistura de assassina perfeita e criança carente à procura de um pai.

Pronto: assentadas as relações entre os personagens e um roteiro de redenção e sacrifício, basta encher de ação e violência a tela, coisa que que o longa tem, mas nunca gratuita e sempre bem coreografada. Mais do que isso, os poderes dos mutantes, seja dos ferozes Wolverine e X-23 seja do Professor X, são aproveitados sempre de forma interessante e realista.

Com Logan, James Mangold não apenas retomou as origens do personagem, mas também elementos mitológicos e emocionais que fazem de alguns filmes bons e outros não. Que tenha buscado inspiração para esse reencontro em Shane não é coincidência. Mas com certeza é uma sorte para todos nós que amamos o mutuna com ossos de adamantium.

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