A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei. / Meu fado é o de não saber quase tudo. / Sobre o nada eu tenho profundidades. Simples e ao mesmo tempo carregados de sentido, os versos extraídos da antologia “Meu quintal é maior do que o mundo”, recém-lançada pela Alfaguara, carregam a essência da criação poética de Manoel de Barros. Dono de um estilo único, o poeta morto em 2014 transforma a natureza, os objetos e a própria condição humana em expressões poéticas carregadas de significado e emoção.
Inédita, a antologia percorre diferentes fases do escritor ao longo de seus 70 anos de ofício, oferecendo um panorama abrangente de sua produção literária. Ao longo de sete décadas, Manoel redesenhou os limites da linguagem e seus sentidos, trazendo à margem uma poeticidade que extrai da simplicidade, da palavra em sua forma bruta, a própria matéria-prima.
É nesse sentido que o título Meu quintal é maior do que o mundo não poderia ser mais oportuno. Embora fosse um erudito, Manoel de Barros preferia se ocultar sob máscaras, inclusive a da ignorãça, como ele mesmo grafava, à antiga. É é pelas linhas tortas de sujeitos poéticos como o menino que “só queria fazer poesia e não precisa de fazer razão” que esta coletânea inédita revela a força, a vitalidade e o alcance universal da obra deste poeta inimitável.