Paraíso Perdido, de Milton, ganha versão em quadrinhos

15 de abril de 2018

Odisseia, Ilíada e Eneida: clássicos absolutos, assim como Paraíso Perdido, este último do inglês John Milton, publicado, em sua primeira versão, em 1667. O épico, que narra o conflito entre Deus e Satã em dez mil versos, foi adaptado magnificamente por Pablo Auladell, quadrinista e ilustrador espanhol, e chegou ao Brasil, agora, em edição caprichada pela DarkSide Books.

Marco da literatura inglesa e mundial, a obra máxima de Milton apresenta a epopeia de anjos que, após serem expulsos do Paraíso, planejam vingança nas chamas do Inferno. Impedidos de atacar diretamente o céu, decidem confrontar a criação divina: o homem. Afinal: “Mais vale reinar no Inferno do que servir no Céu.”

Essa mensagem, algo revolucionária, de tentação e desejo por redenção, ecoa através das eras em mestres como Mary Shelley, C.S. Lewis e Neil Gaiman e em diversas mídias.

Reimaginada por Pablo Auladell e seu traço sombrio, quase desolado, a edição acaba se tornando um bom veículo para apresentar o clássico a quem não leu o original. Ao mesmo tempo, complementa a experiência de quem já leu, dando ainda mais vida ao texto.

Por seu trabalho em Paraíso Perdido, Auladell ganhou o grande Premio Nacional de Cómic, da Espanha. O quadrinista já transpôs outros clássicos da literatura para os quadrinhos: As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain.

Poeta cego

John Milton (1608 -1674) criou seu épico mergulhado nas trevas de uma cegueira repentina. Entre as angústias reais do luto após a perda de sua segunda mulher e de sua filha mais nova, além da culpa religiosa enraizada na sua formação, o poeta precisou rever sua vida e a relação distante com a família.

Determinado a não deixar a perda da visão e o sofrimento provocado pela gota afetarem seu ofício, ditou Paraíso Perdido do começo ao fim para ajudantes, amigos e até mesmo suas filhas. O poema levou cerca de cinco anos para ser concebido, e foi publicado em 1667 em sua primeira versão. Milton morreu em 1674, o mesmo ano em que foi lançada a edição definitiva de seu clássico.

Com capa dura, bordas douradas e 320 páginas, a edição brasileira está R$ 89,90 no site da Amazon.

 

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