
No início dos anos 2000, o primeiro filme da série X-Men mostrou ao mundo que era possível, sim, fazer um longa sobre super-heróis, sem soar piegas e sem que os protagonistas usassem collants coloridos.
Com ‘Logan’, filme em que Hugh Jackman faz sua derradeira interpretação de Wolverine, mais uma vez os mutantes saem na frente e mostram que é possível fazer um filme para os apreciadores de HQ’s com temática adulta sem soar forçado, sem piadas fora de contexto ou fórmulas prontas.
O maior mérito do longa é extrapolar os limites do gênero de filmes de heróis – algo que somente ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas’ havia conseguido fazer com maestria até o momento.
Em ‘Logan’, quase um road movie, o velho herói, cansado de tantas batalhas e que procura esquecer seu passado violento, tenta cuidar da vida e de seu velho mentor, o agora doente e apenas parcialmente lúcido professor Charles Xavier.
Essa situação mudará com a aparição de X-23, adolescente criada a partir do DNA de Logan e que guarda com ele muitas semelhanças, inclusive os poderes mutantes e o espírito indócil e violento. A relação de pai e filha estabelecida entre a criança e o velho mutante é um dos pontos altos do filme.
Hugh Jackman, genial na pele do protagonista, deixará saudades nos fãs. Poucos atores tiveram a capacidade de encarnar tão bem um personagem de quadrinhos, com suas virtudes e defeitos, como o australiano.
Ao invés de apostar sempre na mesma maneira de produzir filmes de heróis – a moda agora é colocar humor em tudo -, Marvel e DC deveriam atentar para as salas de cinema lotadas para ver Logan, um filme considerado “sério”, e aprender que as pessoas gostam de filmes bons. São esses, aliás, que têm potencial para superar estéticas e temáticas de seu gênero e, no processo, renovar o próprio gênero. Como X-Men fez anos atrás e este ‘Logan’ tem capacidade para fazer agora.