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Titãs: sombria e nada realista, série aponta caminhos para a DC

7 de janeiro de 2019 | Por: Alexandre Postigo
Mutano, Ravena, Robin e Estelar, um grupo em formação

Mutano, Ravena, Robin e Estelar, um grupo em formação

Cabeças rachadas, mãos quebradas e até partes íntimas perfuradas. E tudo muito explícito, com sangue espirrando no rosto das pessoas. Essa é a rotina das cenas de ação de Titãs, série que a Netflix passa a disponibilizar a partir de 11 de janeiro no Brasil.

Uma adaptação dos quadrinhos da tradicional equipe de jovens super-heróis da DC, a trama se desenrola a partir do encontro entre Robin e Ravena, e dos problemas desta para controlar seus demônios interiores (ou demônio, como sabem os iniciados em Titãs). Estelar e Mutano, outros dois personagens conhecidos do grande público por meio do desenho animado, são incorporados ao grupo que, aos poucos, precisa aprender a atuar como equipe.

Ao contrário do que muita gente esperava, inclusive este escriba, a primeira temporada foi, de modo geral, bem avaliada por especialistas e público. No Rotten Tomatoes, 83% das críticas foram positivas e sua avaliação média está em 6,7 (de 10).

Como explica Brian Lowry, em sua crítica no site da CNN, Titãs é um híbrido entre as séries juvenis da CW – como Flash e Arrow – e a ousadia, inclusive em termos do que mostrar e como mostrar, da TV a cabo. Assim, por um lado a série não tem vergonha de apresentar heróis em roupas coloridas e em situações nada ‘realistas’, fugindo, portanto, da forma como Christopher Nolan e até Zack Snyder veem esse gênero. Nesse sentido, inclusive, mergulha fundo na mitologia da DC dedicando episódios inteiros a personagens totalmente desconhecidos como Mulher Elástica, Homem Negativo e Homem-Robô (que fazem parte da Patrulha do Destino, equipe de heróis que vai ganhar um spin-off), a dupla Rapina e Columba e Moça-Maravilha.

Robin logo no primeiro episódio já manda um "Foda-se o Batman"

Robin logo no primeiro episódio já manda um “Foda-se o Batman”

Se difere da visão de Nolan e Snyder ao fugir da ‘realidade’, abraça os diretores ao adotar uma perspectiva – e até uma estética em termos de fotografia – escura, sombria e violenta, nada parecido ao que, hoje, se convencionou ser a receita de sucesso, seja para filmes ou séries: muitas piadas, cores e violência higienizada. Estou me referindo, claro, aos ingredientes básicos da receita Marvel para filmes – agora, com Aquaman, adotada da mesma forma pela DC.

Muito embora Titãs seja permeado por algum humor, fica claro que os produtores – entre eles o sempre presente Geoff Johns – estão adotando um outro caminho, um que exige coragem tendo em vista para onde o dinheiro tende: o universo cinematográfico Marvel produz blockbusters em sequência e Aquaman já é o maior sucesso do universo compartilhado da DC Comics.

Titãs, nos EUA, foi disponibilizado primeiro no novo serviço de streaming da DC/Warner, DC Universe, o que explica, quem sabe, a ousadia. Ou seja, não se trata, aqui, de fazer uma série que agrade a todos os públicos, a família inteira, mas nichos: o adolescente que gosta de HQs, o jovem adulto que prefere sua série de fantasia temperada com um pouco de violência, sexo e palavrões.

É uma discussão interessante saber se o hibridismo mencionado acima – esse sombrio fantasioso – funcionaria na tela grande e em larga escala. Homem de Aço (2013) e Batman Vs Superman – A Origem Da Justiça (2016), muito embora largamente apreciados por este site, não obtiveram os resultados esperados em termos de bilheteria, de modo que a perspectiva de adotar nos cinemas, de novo, uma estética semelhante, pendendo para o obscuro, mesmo que temperada com fantasia de alta octanagem, seja pequena.

Uma opção, bendita opção, é aberta com o acima mencionado serviço de streaming da DC/Warner, DC Universe. Além de Patrulha do Destino, já foi anunciada uma série baseada no Monstro do Pântano. Que a ousadia continue a ser a ordem do dia, mesmo que isso leve a caminhos mais sombrios.

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