‘The Batman’, em 2021, pode marcar novo momento para filmes de heróis

Ben Affleck protagonizou a melhor cena de ação do Batman já filmada quando, em ‘Batman Vs Superman: A Origem da Justiça’ (2016), o cruzado de capa invadiu um armazém cheio de bandidos da máfia russa. O Batman mais curtido, violento e sombrio até então visto na tela grande, imaginado pelo grandemente subestimado diretor Zack Snyder, dividiu opiniões.

O filme gerou controvérsias graças ao que, podemos já definir, como “Questão Martha”: uma mudança brusca de atitude do Batman – alguns diriam sem sentido -, que estava prestes a trucidar Superman, ao ser lembrado que as mães de ambos heróis se chamam Martha. Críticos e fãs mais severos se detiveram quase que exclusivamente nesse único trecho para malhar o filme, o que é direito de todos, claro, mesmo que não tenha muita lógica.

Seja como for, para a alegria ou lamentação do distinto público, Affleck deu a entender, neste twitte aqui – onde comentava notícia do Deadline -, que está mesmo fora do próximo filme solo do Batman, a ser dirigido por Matt Reeves (da série ‘Planeta dos Macacos’).

Ano Um, inspiração para o novo filme do Homem-Morcego

A notícia, se confirmada – a Warner ainda não se manifestou oficialmente -, dá ainda mais liberdade para Reeves impor sua visão ao filme, o que é bom. Sabe-se que o diretor tem como uma de suas referências ‘Ano Um’, novela gráfica clássica de Frank Miller e David Mazzucchelli que narra o começo de carreira do Homem-Morcego. O filme não fará, até onde se sabe, uma adaptação da HQ, que servirá mais de inspiração, informação que bate com as várias pistas que o diretor deu sobre o longa na entrevista concedida ao Hollywood Reporter.

Segundo Reeves, a ideia é fazer quase um filme noir, em que o lado detetivesco do vigilante será enfatizado, coisa que, para ele, nunca foi feito de verdade nos filmes do personagem. “É uma história contada a partir da perspectiva dele e espero que seja eletrizante, mas também emocionante”, esclareceu. “Ele deveria ser o maior detetive do mundo e isso não foi necessariamente parte dos filmes. Adoraria que este fosse um filme em que fôssemos em uma jornada para rastrear criminosos e resolver crimes, permitindo que o personagem tenha um arco e passe por uma transformação.”

Ainda na entrevista, o diretor afirma que a previsão é que o longa seja lançado entre a primavera e o verão de 2021. Mesmo o título que está sendo usado pelo diretor, ‘The Batman’, pode mudar até a estreia.

Reeves esclarece que está revisando o roteiro e que os próximos passos serão o início da escalação e desenvolvimento das artes conceituais. Ou seja, ainda há muito tempo para especulações.

Reboot total

E eis aqui algumas: seguindo a nova diretriz da Warner, esse filme será totalmente desvinculado do universo compartilhado da DC criado até o momento? Ou o novo Batman vai simplesmente aparecer ao lado de personagens como Aquaman, do Momoa, e Mulher-Maravilha, da Gal Gadot, como se Affleck nunca tivesse existido, o que seria estranho.

O jovem ator Jack O’Connell, talvez o novo Bruce Wayne

Por outro lado, a inspiração no ‘Ano Um’ indica que Reeves pode estar querendo, como acontece na HQ, mostrar os primórdios do Homem-Morcego, especulação que ganha força quando se considera que o nome mais comentando para viver Bruce Wayne é o jovem ator Jack O’Connell.

Como filmes com Aquaman e a Mulher-Maravilha estão fazendo muito dinheiro, é pouco provável que a Warner ‘reboote’ todo o universo, descontinuando essas franquias, de modo a encaixar o Batman de Reeves em uma nova continuidade.

Até em função disso, parece claro que a DC não terá, pelo menos no médio e curto prazos, um universo compartilhado perto da coesão e sucesso da Marvel.

Como afirma Reeves na entrevista, nem é essa a intenção da Warner, que “acredita que não precisa desenvolver um plano de como conectar tudo isso. Eles precisam tentar e efetivamente fazer é bons filmes com esses personagens”.

Isso pode decepcionar alguns, que gostam de ver espelhado nos filmes um universo compartilhado semelhante ao que existe nas HQs. Por outro lado, a não necessidade de interligação vai permitir uma liberdade extrema aos criadores e diretores, não apenas em termos de trama, mas no que se refere aos gêneros abordados e à estética e estilo adotados. O que poderia ser um respiro de diversidade em meio à grande massa de filmes iguais, ou quase, produzidos a partir da ‘Fórmula Marvel’.

É aguardar e ver se em ‘The Batman, e em outros filmes da DC produzidos sem as amarras da continuidade, a liberdade criativa vai implicar, de fato, em qualidade cinematográfica.