Sandman, de Neil Gaiman; Monstro do Pântano, de Alan Moore; e Asilo Arkham, de Grant Morrison. Além da idolatria de fãs e críticos, essas HQs, dos anos 80 e 90, têm em comum o fato de que apenas vieram a ser produzidas em função de um artigo durante muito tempo raro nas duas grandes editoras de HQs, Marvel e DC: culhões.
Afinal, era preciso que os editores da época tivessem um bom bocado desse elemento para apostar em revistas de personagens que ninguém conhecia, como Mostro do Pântano e Sandman, e em escritores com ideias meio bizarras, como Morrison, que fez o Coringa dar um tapa no traseiro do Batman em Asilo Arkhan.
Se a sorte favorece os corajosos e a criatividade nasce quando você pode cometer erros, pode-se dizer que a atual direção da DC Comics acertou na mosca ao alterar toda a sua linha de HQs, a partir de junho, após a saga Convergence, quando o espaço estará aberto não apenas a novas revistas, mas a novos artistas, abordagens e, acima de tudo, mais diversidade.
Em Convergence, o vilão Brainiac junta em um mesmo mundo heróis de várias realidades e fases cronológicas da DC. Além da minissérie semanal em oito edições – já na segunda edição nos EUA -, a saga, que transcorre entre abril e maio, terá mais 40 especiais em duas partes.
A ideia da reformulação pós Convergence é criar dois grupos de revistas. Um deles, formado por 25 títulos, apresentaria o melhor d’Os Novos 52, a reformulação anterior, em 2011, das revistas de linha da DC. Estão nesse grupo heróis tradicionais como Batman, Mulher Maravilha e Superman, alguns com novas equipes criativas.
O segundo grupo, com 24 revistas, seria o das apostas da DC Comics, com personagens menos conhecidos e enfoques diferentes das tradicionais histórias de super-heróis, como o bom humor. Entram nessa categoria, por exemplo, Bat-Mite e Bizarro, este último desenhado pelo brasileiro Gustavo Duarte. Outros títulos que prometem se diferenciar em termos de conteúdo são Prez, We Are Robin e Section Eight. Algumas das revistas anunciadas pela DC são minisséries, o que confirma seu caráter experimental.
Além disso, ao se analisar a lista das novas revistas e suas equipes criativas (abaixo), fica claro que a DC finalmente vai deixar de mirar, apenas, o leitor normalmente associado às histórias em quadrinhos – branco e heterossexual -, mas abraçar públicos que crescem cada vez mais em importância, como as mulheres jovens, negros e outros grupos subrrepresentados no mundo dos heróis coloridos.
Assim, por exemplo, o herói negro Cyborg será escrito pelo também negro David F. Walker (e desenhado pelo brasileiro Ivan Reis); Meia Noite, o herói homossexual que é cara do Batman, terá nova revista; e Estelar, que nos Novos 52 foi representada como a fantasia de todo adolescente babão, terá outro enfoque, menos redutor do papel da mulher (ou de uma super-heroína, em todo o caso).
Acrescentar diversidade temática, de gênero e de enfoque não garante, a priori, claro, boas histórias. Mas é fato que elas, as boas histórias, nascem apenas quando se tenta coisas novas, que saem do lugar comum. É uma receita antiga que, para nossa sorte, a DC se lembrou.
Novos títulos:
Batman Beyond
Dan Jurgens, Bernard Chang
Black Canary
Brenden Fletcher, Annie Wu e Irene Koh
Constantine: The Hellblazer
Ming Doyle, James Tynion IV e Riley Rossmo
Cyborg
David Walker e Ivan Reis
Dark Universe
James Tynion IV e Ming Doyle
Green Lantern: Lost Army
Cullen Bunn e Jesus Saiz & Javi Pina
Doomed
Scott Lobdell e Javier Fernandez
Earth 2: Society
Daniel Wilson e Jorge Jimenez
Dr. Fate
Paul Levitz e Sonny Liew
Justice League of America
Bryan Hitch
Justice League 3001
Keith Giffen e Howard Porter
Martian Manhunter
Rob Williams e Ben Oliver
Midnighter
Steve Orlando e ACO
Mystic U
Alisa Kwitney e sem artista ainda
Omega Men
Tom King e Barnaby Bagenda
Prez
Mark Russell e Ben Caldwell
Red Hood/Arsenal
Scott Lobdell e Denis Medri
Robin, Son of Batman
Patrick Gleason
Starfire
Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Emanuela Lupacchino
We Are Robin
Lee Bermejo e Khary Randolph
Mini-series:
Bat-Mite
Dan Jurgens e Corin Howell,
Bizarro
Heath Corson e Gustavo Duarte
Harley Quinn/Power Girl
Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Stephane Roux
Section Eight
Garth Ennis e John McCrea
Títulos que têm continuidade:
Action Comics
Greg Pak e Aaron Kuder
Aquaman
Cullen Bunn e Trevor McCarthy
Batgirl
Cameron Stewart, Brenden Fletcher e Babs Tarr
Batman
Scott Snyder e Greg Capullo
Detective Comics
Francis Manapul e Brian Buccelato
Batman/Superman
Greg Pak e Ardian Syaf
Catwoman,
Genevieve Valentine e David Messina
Deathstroke,
Tony S. Daniel
The Flash
Robert Venditti, Van Jensen e Brett Booth
Gotham Academy
Becky Cloonan, Brenden Fletcher e Karl Kerschl
Gotham By Midnight
Ray Fawkes e Juan Ferreyra
Grayson,
Tom King, Tim Seeley e Mikel Janin
Green Arrow
Ben Percy e Patrick Zircher
Green Lantern
Robert Venditti e Billy Tan
Harley Quinn
Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Chad Hardin
Justice League
Geoff Johns e Jason Fabok
Lobo
Cullen Bunn e Cliff Richards
Secret Six
Gail Simone e Dale Eaglesham
Sinestro
Cullen Bunn e Bradley Walker
New Suicide Squad
Sean Ryan e Carlos D’Anda
Superman
Gene Luen Yang e John Romita, Jr.
Superman/Wonder Woman
Peter J. Tomasi e Doug Mahnke
Teen Titans
Will Pfeifer e Kenneth Rocafort
Wonder Woman
Meredith Finch e David Finch
Justice League United
Ainda sem equipe crativa