DC Comics muda tudo em junho: ousadia e diversidade

21 de abril de 2015

Sandman, de Neil Gaiman; Monstro do Pântano, de Alan Moore; e Asilo Arkham, de Grant Morrison. Além da idolatria de fãs e críticos, essas HQs, dos anos 80 e 90, têm em comum o fato de que apenas vieram a ser produzidas em função de um artigo durante muito tempo raro nas duas grandes editoras de HQs, Marvel e DC: culhões.

Afinal, era preciso que os editores da época tivessem um bom bocado desse elemento para apostar em revistas de personagens que ninguém conhecia, como Mostro do Pântano e Sandman, e em escritores com ideias meio bizarras, como Morrison, que fez o Coringa dar um tapa no traseiro do Batman em Asilo Arkhan.

Se a sorte favorece os corajosos e a criatividade nasce quando você pode cometer erros, pode-se dizer que a atual direção da DC Comics acertou na mosca ao alterar toda a sua linha de HQs, a partir de junho, após a saga Convergence, quando o espaço estará aberto não apenas a novas revistas, mas a novos artistas, abordagens e, acima de tudo, mais diversidade.

Em Convergence, o vilão Brainiac junta em um mesmo mundo heróis de várias realidades e fases cronológicas da DC. Além da minissérie semanal em oito edições – já na segunda edição nos EUA -, a saga, que transcorre entre abril e maio, terá mais 40 especiais em duas partes.

A ideia da reformulação pós Convergence é criar dois grupos de revistas. Um deles, formado por 25 títulos, apresentaria o melhor d’Os Novos 52, a reformulação anterior, em 2011, das revistas de linha da DC. Estão nesse grupo heróis tradicionais como Batman, Mulher Maravilha e Superman, alguns com novas equipes criativas.

O segundo grupo, com 24 revistas, seria o das apostas da DC Comics, com personagens menos conhecidos e enfoques diferentes das tradicionais histórias de super-heróis, como o bom humor. Entram nessa categoria, por exemplo, Bat-Mite e Bizarro, este último desenhado pelo brasileiro Gustavo Duarte. Outros títulos que prometem se diferenciar em termos de conteúdo são Prez, We Are Robin e Section Eight. Algumas das revistas anunciadas pela DC são minisséries, o que confirma seu caráter experimental.

Além disso, ao se analisar a lista das novas revistas e suas equipes criativas (abaixo), fica claro que a DC finalmente vai deixar de mirar, apenas, o leitor normalmente associado às histórias em quadrinhos – branco e heterossexual -, mas abraçar públicos que crescem cada vez mais em importância, como as mulheres jovens, negros e outros grupos subrrepresentados no mundo dos heróis coloridos.

Assim, por exemplo, o herói negro Cyborg será escrito pelo também negro David F. Walker (e desenhado pelo brasileiro Ivan Reis); Meia Noite, o herói homossexual que é cara do Batman, terá nova revista; e Estelar, que nos Novos 52 foi representada como a fantasia de todo adolescente babão, terá outro enfoque, menos redutor do papel da mulher (ou de uma super-heroína, em todo o caso).

Acrescentar diversidade temática, de gênero e de enfoque não garante, a priori, claro, boas histórias. Mas é fato que elas, as boas histórias, nascem apenas quando se tenta coisas novas, que saem do lugar comum. É uma receita antiga que, para nossa sorte, a DC se lembrou.

Novos títulos:

Batman Beyond

Dan Jurgens, Bernard Chang

Black Canary

Brenden Fletcher, Annie Wu e Irene Koh

​​dc-black-canary-1-promo-121636

Constantine: The Hellblazer

Ming Doyle, James Tynion IV e Riley Rossmo

Cyborg

David Walker e Ivan Reis

dc-cyborg-sketch-121637

Dark Universe

James Tynion IV e Ming Doyle

Green Lantern: Lost Army

Cullen Bunn e Jesus Saiz & Javi Pina

Doomed

Scott Lobdell e Javier Fernandez

Earth 2: Society

Daniel Wilson e Jorge Jimenez

Dr. Fate

Paul Levitz e Sonny Liew

Justice League of America

Bryan Hitch

​​JLA15-PR-c826e

Justice League 3001

Keith Giffen e Howard Porter

Martian Manhunter

Rob Williams e Ben Oliver

Midnighter

Steve Orlando e ACO

dc-midnighter-1-121628

Mystic U

Alisa Kwitney e sem artista ainda

Omega Men

Tom King e Barnaby Bagenda

Prez

Mark Russell e Ben Caldwell

​​dc-prez-promo-121630

Red Hood/Arsenal

Scott Lobdell e Denis Medri

Robin, Son of Batman

Patrick Gleason

dc-robinsonofbatmancover-121631

Starfire

Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Emanuela Lupacchino

​​dc-starfire-1-121632

We Are Robin

Lee Bermejo e Khary Randolph

​​dcwe-are-robin-1-121633

Mini-series:

Bat-Mite

Dan Jurgens e Corin Howell,

Bizarro

Heath Corson e Gustavo Duarte

​​BizarroSketches-8-RGBad-f78cc

Harley Quinn/Power Girl

Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Stephane Roux

Section Eight

Garth Ennis e John McCrea

Títulos que têm continuidade:

Action Comics

Greg Pak e Aaron Kuder

Aquaman

Cullen Bunn e Trevor McCarthy

Batgirl

Cameron Stewart, Brenden Fletcher e Babs Tarr

Batman

Scott Snyder e Greg Capullo

Detective Comics

Francis Manapul e Brian Buccelato

Batman/Superman

Greg Pak e Ardian Syaf

Catwoman,

Genevieve Valentine e David Messina

Deathstroke,

Tony S. Daniel

The Flash

Robert Venditti, Van Jensen e Brett Booth

Gotham Academy

Becky Cloonan, Brenden Fletcher e Karl Kerschl

Gotham By Midnight

Ray Fawkes e Juan Ferreyra

Grayson,

Tom King, Tim Seeley e Mikel Janin

Green Arrow

Ben Percy e Patrick Zircher

Green Lantern

Robert Venditti e Billy Tan

Harley Quinn

Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Chad Hardin

Justice League

Geoff Johns e Jason Fabok

Lobo

Cullen Bunn e Cliff Richards

Secret Six

Gail Simone e Dale Eaglesham

Sinestro

Cullen Bunn e Bradley Walker

New Suicide Squad

Sean Ryan e Carlos D’Anda

Superman

Gene Luen Yang e John Romita, Jr.

Superman/Wonder Woman

Peter J. Tomasi e Doug Mahnke

Teen Titans

Will Pfeifer e Kenneth Rocafort

Wonder Woman

Meredith Finch e David Finch

Justice League United

Ainda sem equipe crativa

Leia Também

A CCXP virou um shopping de cultura nerd?

Uma cena da CCXP: em frente ao elevador, aglomera-se uma multidão. Levantam celulares, uns por cima das cabeças dos outros, cada um tentando achar uma

Política e quadrinhos: ser ‘isentão’ não te redime da miséria à sua volta

“Será que vem aqui o Dória querer censurar algo?”. Essa dúvida/provocação/preocupação deu o tom do debate de um dos painéis mais necessários da CCXP, ‘Não

Frank Miller desenha para quem não entendeu: seu Batman é muito político

Frank Miller é um velhinho iconoclasta e adora uma polêmica. Não poderia ser diferente em sua última visita ao Brasil e, pela terceira vez, à

Deixe o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *