O fantástico, esse gênero que nunca esteve tão em moda quanto agora, seja na literatura seja influenciando o cinema e até as séries de TV, ganhou uma antologia que promete. Está em pré-lançamento pela Ateliê Editorial o livro ‘Antologia Fantástica da Literatura Antiga’, organizado por Marcelo Cid.
A lista de autores gregos e latinos antigos é grande e, nas palavras de Cid, vão de Homero, que compôs a primeira grande obra grega, a Santo Agostinho, o “último dos antigos” (ou primeiro dos medievais?). Estão lá, entre outros: Ovídio, Mileto, Virgílio, Apolodoro, Ateneu, Tácito, Plutarco, Artemidora, Platão, Aristóteles, Hipócrates, Heródoto, Cícero e Sêneca.
Escritor (de “Os Unicórnios”) e apreciador de Borges, Cid usa o autor argentino no prefácio da obra, disponível aqui, para explicar a aparente contradição contida na proposta do livro: fazer uma antologia de autores antigos tendo como referência um gênero, o fantástico, que na época desses escritores não existia.
Como explica Cid, Borges defendia que “cada escritor crea sus precursores”. Ou seja, para o organizador “a obra nasce na leitura, atividade para a qual o leitor, separado no tempo e no espaço do autor, vem munido de diferentes ideias, expectativas e preconceitos. Tendo lido Kafka, estaremos preparados para encontrar algo de ‘kafkiano’ em autores de outros tempos e lugares — mesmo se anteriores a ele. Sem conhecê-lo, essas descobertas nos escapariam.”
Essa leitura intertextual (aliás, Norte deste Balaio) enriquece a experiência do leitor e os textos, que passam a ter novas interpretações. Permite, da mesma forma, aos aficionados pelo gênero fantástico, reconhecer traços e mesmo paralelismos incontestes desse gênero nos escritos dos antigos.
Se os há na antologia de Marcelo Cid é coisa a ser determinada pela leitura do livro. Que promete ser saborosa.
A Ateliê Editorial não divulgou a data de lançamento do livro.