Todo mundo conhece a famosa máxima que rege o chamado ‘Efeito Borboleta’: a de que, por todas as coisas no universo estarem ubiquamente interligadas, o bater de asas de uma borboleta poderia causar, graças a um efeito dominó radical, um tufão do outro lado do mundo. A ideia, derivada da Física, da Teoria do Caos, explica por que em sistemas abertos, como a vida na terra ou o relacionamento entre as pessoas, ao se tomar uma decisão mínima, até insignificante, muitas vezes tem-se como resultado grandes e inesperadas consequências.
Pois foi justamente no Efeito Borboleta que George R. R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo, se socorreu para tranquilizar os fãs sobre as alterações na trama que os produtores da série da HBO estão realizando em relação à narrativa dos livros.
“Tem havido diferenças entre os livros e a série de televisão desde o primeiro episódio da primeira temporada. E por muito tempo, eu tenho falado sobre o efeito borboleta. Pequenas mudanças levando a mudanças maiores e, então, a mudanças gigantes. A HBO tem a tarefa impossível e trabalhosa de adaptar meus longos (extremamente) e complexos (excessivamente) romances, com suas camadas de tramas e subtramas, suas reviravoltas, contradições e narradores não confiáveis, mudanças de ponto de vista e ambiguidades, e um elenco de personagens na casa das centenas.”
Uma das mudanças que o autor tentou justificar, e a que causou mais revolta entre os fãs, aconteceu no sexto episódio da temporada, quando Sansa Stark casa com o sádico Ramsay Bolton que, na noite de núpcias, a estupra e faz Fedor/Theon assistir.
Para justificar o destino infeliz de Sansa, que vinha se tornando cada vez mais querida pelo público ao amadurecer e deixar para trás seu lado ‘sonsa’, Martin usou até a personagem Scarlett O’Hara, de ‘E o vento levou’.
“Quantos filhos Scarlett O’Hara teve? Três, no romance (que deu origem ao longa metragem). Um, no filme. Nenhum da vida real: ela é um personagem ficcional, nunca existiu. A série é a série, os livros são os livros; duas diferentes formas de contar a mesma história”, disse o escritor.
Martin, que é coprodutor executivo da série, defendeu as escolhas narrativas dos dois showrunners da adaptação da HBO, David Benioff e Dan Weiss, e do coprodutor Bryan Cogman que, segundo ele, “estão tentando fazer a melhor série televisiva que podem”.
“Duas estradas divergentes no escuro da floresta, eu suponho … mas todos nós temos a intenção de que, ao final, cheguemos ao mesmo lugar”, escreveu Martin. “Enquanto isso, esperamos que os leitores e telespectadores, ambos, aproveitem a jornada. Ou jornadas, como talvez seja o caso. Às vezes borboletas crescem e viram dragões.”
No momento, Martin escreve ‘Os ventos do Inverno’, o sexto de sete livros que a série deve ter. Como celeridade ao escrever não é uma das qualidades do autor, um dos receios dos fãs é que a adaptação para a TV, que também terá sete temporadas, termine antes da finalização do livro e entregue detalhes da trama e do destino final dos personagens.