Tramas complexas com super-heróis e personagens bizarros que reafirmam, simbolicamente e continuamente, o valor do respeito ao diferente, às minorias, àqueles que não se integram ao resto da sociedade. Esse leitmotiv, que perpassa toda a obra de Grant Morrison em maior ou menor grau, está presente também em uma de suas últimas hqs, The Multiversity, minissérie que a Panini começa a publicar no Brasil, no fim de junho, na revista Multiverso DC.
A saga traz em cada edição histórias fechadas de algumas das 52 realidades paralelas da DC Comics, mas que se complementam em uma trama maior, que envolve a invasão de uma raça vinda de outros planos com o objetivo de destruir todos os universos. Como é de seu estilo, Morrison também utiliza recursos metalinguísticos ao fazer referência a uma realidade onde você, o leitor, é parte da saga, assim como super-heróis e vilões.
Estes não faltam. Em todos os formatos e cores. Em uma realidade, Superman, Mulher-Maravilha e todos os conhecidos personagens são negros, sendo super-heróis brancos a minoria. Em outra, um super coelho chamado Captain Carrot e sua equipe de super animais lutam contra os vilões.
Algumas das melhores edições fazem referência a realidades com personagens de editoras absorvidas pela DC Comics, como a Fawcett Comics, que publicava Shazam e sua família.
Também é o caso de uma das melhores edições, Pax Americana, com os personagens da editora Charlton: Besouro Azul, Capitão Átomo, Sombra da Noite, Pacificador e Questão. Contada de trás para frente, a trama envolve o assassinato do presidente dos EUA, intrigas políticas e divagações metafísicas.
Como os personagens da Charlton também foram utilizados nos anos 1980 pelo inglês Alan Moore, mesmo que remodelados, na clássica e festejada Watchmen, e como os dois escritores não se bicam, essa edição também parece ser uma pequena provocação ao mago de Northampton.
Os desenhos de The Multiversity, que se adaptam à ambientação da trama – histórias com tom parecido às aventuras ingênuas de Flash Gordon têm ilustrações mais ‘tradicionais’ -, são de vários nomes famosos da indústria: entre outros, Frank Quitely, Jim Lee e os brasileiros Ivan Reis e Joe Prado.
Na edição brasileira, Multiverso DC, também constará as histórias do evento Terra 2: O Fim do Mundo. Por conta disso, os títulos Terra 2 e Melhores do Mundo, que saíam até então na revista mensal Universo DC, passarão a fazer parte desse mix durante o resto deste ano.
Multiverso DC 1
Formato americano (17 x 26 cm),
148 páginas, capa couché e miolo Pisa
Valor: R$ 16,20.